Sacrifícios dos camponeses Filme documentário sobre a agricultura

22.12.2020 | www.kla.tv/17873

Oh, vejam só. Vejam estes pãezinhos deliciosos. Crocante, mmm. E aí mmmm marmelada. E este prato está finalmente bem decorado, isso é maravilhoso, faz correr agua na boca... oops, o que é isso?!é licor de ovo Gostaria de perguntar, e depois um ovo para o pequeno-almoço - ou melhor assim – ou assim- ou assim – ou talvez assim- ou Ummm . Talvez também melhor assim. Pão, ovos, cerveja, queijo, salsicha, para os veganos um creme vegetal para barrar – tudo isso pertence a uma boa refeição. Como é óbvio, compramo-lo no supermercado. Infelizmente mal sabemos de onde vêm estes alimentos, quem os produz e o que está envolvido. Basicamente, tudo isto vem da agricultura, que é a base da sociedade. Como disse o Rei Frederico II: "A agricultura é a primeira de todas as artes; sem ela não haveria comerciantes, nem poetas, nem filósofos. Só isso é a verdadeira riqueza, que a terra produz". Não se pensaria que a profissão de agricultor é uma profissão respeitada e nobre, que é muito respeitada por todos? E que as fazendas, onde são produzidos alimentos valiosos, a paisagem cultural é cuidada e são criados valores, podem sobreviver a longo prazo? Mas cada vez com mais frequência os agricultores estão a desistir dos seus trabalhos. Os jovens já não querem trabalhar na agricultura. Quais são as razões para isto? Quem está interessado neste estado de coisas, que tem consequências para toda a sociedade? Kla.tv já relatou uma guerra encoberta / híbrida, na qual estruturas estáveis são deliberadamente destruídas em benefício de indivíduos. Este documentário dá-lhe uma visão destes contextos e de uma área que nos preocupa a todos mais do que imaginamos. Desde a reunificação alemã, a agricultura tem perdido dramaticamente o seu papel no fornecimento de alimentos à população. Devido à falta de rentabilidade, cada vez menos alimentos, tais como batatas, são geralmente cultivados na própria Alemanha. Na prática, isto significa que hoje em dia cerca de 70% dos alimentos são importados para a Alemanha. De acordo com o Instituto Federal de Estatística, a quota de importação de produtos alimentares à base de plantas era de cerca de 81 % em 2015 - em 2008 era ainda de 73 %. Isto torna claro como a Alemanha está agora dependente em termos de nutrição da sua população. Mas como é que isto acontece? Cada vez mais leis, regras e regulamentos tornam muito difícil a sobrevivencia de muitos agricultores e suas familias atravez da producao de alimentos na Alemanha . A Lei das Fontes de Energia Renováveis (EEG), por exemplo, leva na prática à apropriação indevida de terras agrícolas valiosas. Os agricultores alugam ou utilizam-no para turbinas aerogeradoras, sistemas fotovoltaicos ou instalações de biogás. Como resultado da promoção orientada da produção de energia, estas áreas aráveis já não estão disponíveis para o cultivo de alimentos. Assim, actualmente, o milho energético vale mais do que o chamado trigo-pão, e o estrume líquido vale mais do que o leite, uma vez que estas substâncias valiosas são convertidas em electricidade nas instalações de biogás. Estes regulamentos e leis tornam o trabalho na Alemanha mais dispendioso. Por conseguinte, os artigos de importação mais baratos parecem atractivos. Em Junho de 2019, foi lançado um acordo de comércio livre entre a UE e o Mercado Comum Sul-Americano (Mercosul). Abre o mercado europeu para, entre outras coisas, a soja geneticamente modificada da América do Sul. Já são importados anualmente quase 70 quilos de soja por cidadão da UE para a produção de alimentos para animais. A soja é uma ração animal muito rica em proteínas e está disponível a um preço muito baixo apesar das longas distâncias envolvidas. Segundo a especialista agrícola brasileira Larissa Bombardi, são permitidos resíduos de glifosato com um máximo de 0,05 mg por quilograma para a soja na Europa. No Brasil é de 10 mg por quilograma - 200 vezes mais. O glifosato é um herbicida e está provado que é cancerígeno. Se o limite de glifosato para soja importada fosse reduzido para o nível permitido na água potável, já não seria permitida a importação de soja. Isto faria também valer a pena o cultivo de tremoços, ervilhas e Feijão de campo como (plantas agro-alimentares autóctones) culturas forrageiras indígenas na Europa, em benefício do agricultor, do ambiente e do consumidor. Não é apenas no campo que os agricultores se deparam com obstáculos consideráveis, pois muitos produtores de leite estão também sob pressão porque o preço do leite é demasiado baixo. Se não quiserem desistir, terão de se expandir e modernizar. Por exemplo, um agricultor investirá meio milhão ou mais num celeiro novo e maior. Mas continua a perder. 28 a 36 cêntimos por litro de leite é demasiado pouco para cobrir os custos, e o reembolso do empréstimo bancário está fora de questão. É por isso que cerca de metade de todas as explorações leiteiras alemãs deixam de produzir leite a cada dez anos, como diz Torsten Hemme, Director do famoso instituto de investigação para a produção de lacticínios IFCN. Para evitar sofrer o mesmo destino, as restantes quintas estão a ficar cada vez maiores e a produzir cada vez mais leite. As grandes centrais leiteiras podem colocar "agricultores rebeldes" sob pressão porque há demasiado leite no mercado, apesar de haver menos explorações agrícolas. Um punhado de grandes empresas estão atrás do "ouro branco", o leite. Eles não querem que centenas de milhares de agricultores em toda a Europa ganhem dinheiro com isso. O antigo presidente do European Milk Board (a organização guarda-chuva dos produtores de leite europeus) e o agricultor Romuald Schaber escreve apropriadamente no seu livro "Blutmilch"em Port. “Leite de Sangue” : "Só quando o leite estiver nas mãos de algumas pessoas poderosas é que encontrará o seu preço elevado. O quão longe isto progrediu é demonstrado pela seguinte correlação À medida que o mercado do leite se torna cada vez mais global, as grandes centrais leiteiras europeias competem internacionalmente pelo cobiçado mercado do leite em pó*. Os agricultores na Europa estão a ser forçados a produzir cada vez mais leite e a produzi-lo cada vez mais barato. O excedente de leite é seco e exportado sob a forma de leite em pó pelas grandes centrais leiteiras para os países em desenvolvimento, a um preço tão baixo que os agricultores regionais no local não conseguem acompanhar estes preços do leite. No final, apenas algumas grandes empresas ganham dinheiro com este mercado globalizado do leite em pó. Mas a subsistência e a soberania dos agricultores nos países importadores e exportadores é destruída. No entanto, esta pressão económica não é a única coisa que os agricultores e as suas famílias têm de suportar. Carina Konrad é engenheira agrícola diplomada e vice-presidente do Comité para a Alimentação e Agricultura do Bundestag. Ela diz: "Um agricultor hoje é uma pessoa multi-talentosa". O conhecimento químico e físico do funcionamento do solo e dos animais e a tradução deste conhecimento na prática do cultivo de plantas e da criação de animais fazem tanto parte das suas competências como uma documentação sofisticada e uma gestão de escritório. A tributação e a administração de empresas não são menos essenciais do que os meios de comunicação social e o marketing. Controller, manager, chief officer [...] tudo o que é um agricultor em união pessoal". Apesar de toda a sua sabedoria e indescritível diligência, ele está em aflição existencial em muitos lugares. Muitos sofrem de Esgotamento e a taxa de suicídio entre os agricultores é muito mais elevada do que no resto da população. Por conseguinte, muitos agricultores anseiam por uma vida quotidiana mais fácil. A digitalização da agricultura é repetidamente mencionada como uma salvação e uma solução para estes problemas. Por exemplo, os robots assumem a ordenha, e os drones aplicam fertilizantes e pesticidas nas plantas de uma forma direccionada. Os dados recolhidos no processo, tais como saúde animal, parâmetros meteorológicos ou desgaste da máquina, são armazenados centralmente e o agricultor pode monitorizar e controlar as suas operações utilizando um programa informático. O programa mais conhecido deste tipo é comercializado pela empresa agroquímica Bayer. Esta empresa está a abrir novas áreas de negócio com a recolha e análise em massa dos dados do processo gerados. A Bayer espera ganhar milhares de milhões de euros através de consultoria e optimização de operações agrícolas. De acordo com um estudo da rede Inkota*, contudo, o poder está concentrado nas mãos das grandes empresas de recolha de dados, uma vez que elas determinam realmente o que os agricultores cultivam, que máquinas ou que sementes utilizam. Apesar destas promissoras oportunidades, tais inovações devem ser rejeitadas desde que sirvam unilateralmente as empresas e aumentem a dependência dos agricultores. A associação de agricultores "Freie Bauern" da Alemanha coloca-a em poucas palavras nas suas exigências: "Sob o pretexto da protecção ambiental, a indústria não está apenas a tentar vender aplicações digitais na agricultura, mas a apresentá-las como indispensáveis. Uma utilização eficiente das inovações técnicas é uma questão natural para nós, mas o que usamos nas nossas quintas gostaríamos de ser livres de decidir". Actualmente numerosas explorações agrícolas na Alemanha já estão muito endividadas ou desistem por causa da idade e do stress. Cada vez mais investidores externos estão a tirar partido disto e a tomar participações em explorações agrícolas ou a comprar terrenos agrícolas. Embora isto seja proibido por lei para os não agricultores, cada vez mais investidores estão a tirar partido de várias lacunas na lei. Em 2019, por exemplo, uma empresa de gestão de activos da empresa comercial ALDI adquiriu duas grandes empresas na Saxónia-Anhalt e na Turíngia. Para estas empresas, as terras agrícolas não são utilizadas para produzir alimentos para as suas Promoções, mas como um investimento financeiro estável. No total, mais de 34% dos terrenos na Alemanha Oriental pertencem hoje a estes investidores de fora do sector. Como o terreno está agora a atrair mais partes interessadas, os preços de compra e arrendamento aumentaram em média 2,5 vezes nos últimos dez anos. Os agricultores já não podem pagar a terra, mas os investidores financeiramente fortes podem. No entanto, são as diversas explorações agrícolas regionais que produzem alimentos de alta qualidade. Asseguram um elevado valor acrescentado nas regiões e alimentam o país em tempos de crise. Mas em geral, levanta-se a questão de quem beneficia destes desenvolvimentos se não são os próprios agricultores. O Dr. Guido Nischwitz, investigador da Universidade de Bremen com enfoque no "Desenvolvimento Rural", explicou em 2019: "Durante décadas, a política agrícola da UE tem sido intercalada com eurodeputados que trabalham simultaneamente com empresas de fertilizantes, fabricantes de maquinaria agrícola ou bancos. Uma rede de políticos, gestores do agronegócio e funcionários de associações decide quais os agricultores que recebem quanto dinheiro, como devem trabalhar e o que chega à mesa dos consumidores". E o antigo Ministro do Ambiente brasileiro, José Lutzenberger, resumiu-o em poucas palavras em 1995: "Trata-se basicamente de uma aquisição gradual e sistemática da agricultura pelos grandes grupos químicos e de maquinaria, empresas de transformação e comercialização de alimentos e bancos. O verdadeiro agricultor deve desaparecer. O que resta é uma pequena engrenagem numa máquina enorme, firmemente integrada, sem a mais pequena liberdade de movimento própria". Como duplicação desta afirmação segue-se uma avaliação de Romuald Schaber: O agricultor só incomoda porque é livre, porque é dono de terras, porque é independente. Seria mais agradável para a política e o comércio de descontos, para as centrais leiteiras e para a indústria agrícola se o agricultor trabalhasse como o trabalhador industrial, dependente, a baixos salários, controlável. Fazia alguma ideia da pressão a que os agricultores estão sujeitos? E também com que força a agricultura nacional está enredada nas estruturas globais? A agenda da guerra encoberta torna-se novamente visível nas coisas que temos apontado. Estruturas estáveis que servem a humanidade estão a ser combatidas e o que resta é um sistema onde cada um olha por si - para o seu próprio lucro. Compreendamos a situação dos agricultores como um reflexo da sociedade! Se puderem ser livres, a sociedade é livre. Como disse Otto von Bismarck: "Se a agricultura não existe, o Estado também não pode existir". Portanto, o destino dos agricultores é também o nosso destino. Isto mostra como todos nós dependemos uns dos outros. Portanto, comecemos aqui mesmo. Simon Roche, um activista dos direitos civis da África do Sul, aconselhou que quando a crise internacional chega, quando os mercados entram em colapso, quando a procura de bens já não existe e o desemprego é galopante, então precisamos como uma saída para os ciclos económicos regionais onde as pessoas se conheçam e confiem umas nas outras. Bom conselho, não só em tempos de crise.

de ah.

Fontes / Links: Auswirkungen der globalisierten Landwirtschaft in Deutschland verbrauchte Lebensmittel werden zum größten Teil importiert www.proplanta.de/agrar-nachrichten/agrarwirtschaft/in-deutschland-verbrauchte-lebensmittel-groesstenteils-aus-dem-ausland_article1516961220.html
billiges Fleisch für Europa und billige Autos für Südamerika durch Freihandelsabkommen www.treffpunkteuropa.de/billiges-fleisch-fur-europa-billige-autos-fur-sudamerika?lang=fr
Bauernverband Brandenburg fordert Importverbot statt Glyphosatverbot www.bauernbund-brandenburg.de/index.php/8-pressemitteilungen/187-bauernbund-fordert-importverbot-stattglyphosat-verbot-2
durch Freihandelsabkommen künftig mehr pestizidverseuchte Lebensmittel aus Brasilien https://www.dw.com/de/eu-mercosur-vergiftungskreislauf-durch-pestizide/a-49432158
Großkonzerne profitieren vom globalen Milchpulvermarkt https://www.aktion-agrar.de/milch/pulver/
Digitalisierung in der Landwirtschaft Ausarbeitung des Netzwerkes "Inkota" zum Thema "Digitalisierung in der Landwirtschaft" https://www.inkota.de/themen/welternaehrung-landwirtschaft/digitalisierung-der-landwirtschaft/
Auswirkung der Digitalisierung auf die weltweite Landwirtschaft https://netzpolitik.org/2019/bits-und-baeume-wie-sich-digitalisierung-auf-die-weltweite-landwirtschaft-auswirkt/
Forderungskatalog der Bauernvertretung "Freie Bauern" mit Punkt 8 zur Digitalisierung https://www.freiebauern.de/index.php/forderungen
Landwirtschaft in Deutschland Anstieg der Kaufpreise für Agrarflächen in Deutschland https://www.weltagrarbericht.de/aktuelles/nachrichten/news/de/33778.html
Entwicklung der ostdeutschen Landwirtschaft nach der Wende 1990 http://ostdeutsche-bodenpolitik.de/warum-das-thema-ostdeutsche-bodenpolitik/
Einstieg von ALDI-Vermögensgesellschaft in landwirtschaftliche Betriebe https://www.focus.de/regional/sachsen-anhalt/burgenlandkreis-aldi-erben-kaufen-2000-hektar-acker-in-sachsen-anhalt-landwirte-sind-besorgt_id_11308248.html
Artikel von Karina Conrad zu Landwirt als Multitalent https://www.focus.de/politik/experten/bauernsterben-der-deutsche-bauer-ist- zum-feindbild-geworden-fatal_id_9580330.html
hohe Selbstmordrate unter Landwirten https://www.agrarheute.com/land-leben/tabu-thema-selbstmorde-landwirten-554007
Niedriger Milchpreis forciert Höfesterben https://www.zeit.de/news/2019-05/19/geldgrab-milch-hoefesterben-geht-ungebremst-weiter-190519-99-280664
Verbindungen zwischen Landwirtschaft und Industrie Rede von Jose A.Lutzenberger: " Die Abschaffung der Bauern - ein globaler Selbstmord" https://www.begegnungszentrum.at/texte/lutzenberger/lutz3-bauern.html
Agrarpolitiker und Interessenverbände arbeiten eng zusammen https://www.heise.de/tp/features/Agrarlobbyismus-im-Hinterzimmer-4523321.html?seite=all%20
|%20www.begegnungszentrum.at/texte/lutzenberger/lutz3-bauern.html Originalstudie von Dr. Guido Nischwitz: Verflechtungen und Interessen des Deutschen Bauernverbandes (DBV) (April 2019) https://www.nabu.de/imperia/md/content/nabude/landwirtschaft/agrarreform/190 429-studie-agrarlobby-iaw.pdf
Videoquellen Dokumentarfilm über die radikalen Veränderungen in der Landwirtschaft durch Globalisierung und Klimapolitik www.youtube.com/watch?v=GuoxLggqI_g
Originalstatement auf Englisch von Simon Roche zum Thema regionale Strukturen https://www.youtube.com/watch?v=N4r87V6T7P4&feature=youtu.be&t=2508
https://www.kla.tv/16232
Buchquelle Romuald Schaber: "Blutmilch: Wie die Bauern ums Überleben kämpfen", 2010, ISBN: 978-3-629-02273-8, Pattloch Verlag,München